27 de junho de 2009

Canções de Amor (Lês Chansons D’Amour, França, 2007)



O que diferencia um musical dos outros gêneros cinematográficos? Talvez seja a forma de expressar os sentimentos, conflitos e angústias.

Nesses filmes, tudo aquilo que os personagens não conseguem demonstrar, expressar apenas em um gesto, ou em meras palavras, vem à tona de forma musical.

Esse é o espírito de “Canções de Amor”, do diretor francês Chistophe Honoré. Quando paixão, tristeza ou saudade não cabem mais no peito as pessoas simplesmente cantam, introspectivamente ou umas para as outras, enquanto caminham com naturalidade através de ruas, parques ou metrô de Paris, a bela e aqui um tanto melancólica cidade luz.

Não há espetáculo, dança ou pirotecnia, apenas a manifestação espontânea de um sentimento de alegria, solidão ou mesmo de desespero, sempre com um toque de delicadeza que faz deste, um filme surpreendentemente humano e melancólico, profundamente poético e, por que não dizer, romântico.

Poucas vezes se vê uma história contada com tanta sinceridade e tamanha carga de sentimento. Também não é comum ver um musical abordar determinados temas, como a morte, a separação e o sofrimento, vistos nesta película com comovente franqueza.

Mesmo com as diferenças culturais, sempre gritantes em um filme de arte e especialmente no cinema europeu, os personagens tem apelo universal, demonstrando a mesma dificuldade de todo ser humano em lidar com sentimentos como perda, abandono, ou mesmo com a aceitação de um novo amor.

É claro que há muitas maneiras de se ver um filme. Tudo depende do momento, do nosso estado de espírito e de entrega às emoções. E entrega é a palavra chave de “Canções de Amor”, capaz de transformar a sessão em uma experiência inesquecível.

Para quem não viu ainda, fica a recomendação, afinal, quem nunca imaginou como a vida seria mais interessante com uma bela canção embalando os momentos mais marcantes?

Abra sua mente e desfrute cada momento.